sexta-feira, 23 de abril de 2010

Foram desejos tortos, palavras ditas no momento inadequado, foram mãos que se comprometeram em corpos proibidos. Foram os pensamentos obsenos, as traições, as verdades e as mentiras contadas. Foram os amigos perdidos, os segredos inconfessáveis, os ombros amigos que seguraram a nossa própria consciência. Foram as lágrimas derramadas em frente ao espelho do banheiro. Foram as mãos que as enxugaram. Foram pessoas contra, foram pessoas a favor e foram pessoas engênuas. Foram os que desconfiavam e os que já sabiam. Foram as línguas, as mãos, as pernas e os lábios, a saliva o suor e as pernas trêmulas. Foram as esquinas, a cama e a rede. A sua família, os nossos amigos e o seu passado. Foi o seu passado, justamente o seu passado. Esse passado que ainda tira o meu sono e me deixa com raiva do que você nem fez. Foi o seu passado e é o meu presente. É o nosso futuro. É o presente e o futuro do seu passado. Foram os pedidos não atenditos. Mas foram os beijos, os abraços, os segredos, verdades, mentiras e carinhos. Ciúmes e o qualquer outra coisa. E foi você, quem mudou a minha vida!

quinta-feira, 22 de abril de 2010




A saudade insiste em permanecer aqui, tornando ainda mais difícil resistir a essa espera. O tempo parece nunca passar, e o dia parece estar cada vez mais distante. Sempre disse que por você eu esperaria o tempo que fosse necessário, mas nunca medi o tamanho da dor que conseqüentemente eu sentiria.

sábado, 17 de abril de 2010

A distância entre duas pessoas que se amam nunca pode ser medida pela quilometragem.



Deixei o meu amor no aeroporto. Voltei para casa, e ao abrir a  porta, andar pelos cômodos aonde a menos de um par de horas atrás estávamos juntas faz com que escorram as lágrimas.



Por favor, não me levem à  mal. Desde já, vou deixar claro: isso aqui não passa de um desabafo.
Confesso que nunca entendi, e cheguei mesmo a condenar pessoas que namoram pessoas que moram em outra cidade.
Relacionamento à distância?
Torcia o nariz com intolerância, antes de completar:
- Absurdo! Não tem como funcionar.
Ah, como eu estava enganada!
O amor não tem sistema de milhagens. Assim como duas pessoas lado a lado podem estar ilhadas, distantes como se um oceano inteiro as separasse, também pode acontecer exatamente o contrário.
Dois corações, quando ligados, são capazes de transformar em milímetros o percurso entre Terra e Marte.
Claro que a presença física faz falta. Dormir e acordar abraçada, tomar café  juntas, olhar nos olhos e sentir que finalmente encontrei o lugar onde quero e preciso estar…
Perguntar:
- Vamos, amor?
Quando um amigo ou amiga liga chamando as duas para algum lugar…
É como a propaganda do Mastercard:
- Não tem preço.
Insuportável a ausência do reflexo dela em meus olhos…    
Para quem namora a distância, morar juntas, viver na mesma cidade se torna objetivo, meta, fim, idéia de perfeição e prioridade.
Misteriosamente, é o retorno da distância, do afastamento, da não presença material que me faz perceber como a proximidade entre duas pessoas pode ser maior, muito maior do que a simplesmente física.
No exato momento, em que ela me ligou do aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza, eu soube que nossos corpos cada vez se afastariam mais e mais, isso que temos por dentro – e que cada um chama de um nome diferente: coração, essência, alma, mas que no fundo nada mais é do que aquilo que nos torna reais – se conecta, se mistura, se enlaça ainda mais.
A distância geográfica não deixa de existir, mas já não me assusta, porque… A saudade passa a ser tempero e não desespero. Prova real da intensidade do sentimento. Um segundo são horas tamanha é a falta que ela me faz.
Mas o que fica mesmo é aquele último olhar. Antes do abraço na porta do embarque, os lábios sussurrando ao pé do ouvido:
- Eu volto.
A resposta no mesmo tom ardente, íntimo, suspirado:
- Se não eu vou te encontrar.
Recheado de certeza.
É uma breve questão de meses para que nossas vidas possam ser estruturadas de um jeito em que as idas aos aeroportos sejam necessárias apenas para viagens a trabalho ou para quando as duas forem embarcar.
E definitivamente, dois estados e alguns milhares de quilômetros são pouco, muito pouco a nos separar.
EU TE AMO!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

MAIS E MENOS






MAIS E MENOS

Tô sempre escrevendo cartas que nunca vou mandar, pra "amores secretos", revistas semanais e deputados federais. Às vezes nunca sei se "as vezes" leva crase. Às vezes nunca sei em que ponto acaba a frase. Você sempre soube, eu não sabia, toda frase acaba num riso de auto-ironia. Você sempre soube, eu não sabia, toda tarde acaba com melancolia. E, se eu escrevesse "sem" com "s", ou escrevesse "cem" com "c"? Por acaso faria alguma diferença? Que diferença faria? O que você faria no meu lugar, se tivesse pra onde ir e não tivesse que esperar? O que você faria se estivesse no meu lugar, se tivesse que fugir e não pudesse escapar? Você sempre soube que eu não conseguiria, quando a frase acaba tarde, tudo fica pra outro dia. Às vezes não entendo minha própria letra
minha própria caneta me trai, às vezes não entendo o que você quer dizer quando fica calada. Você sempre soube, eu não sabia, quando a frase acaba o mundo silencia. Às vezes não entendo onde você quer chegar quando fica parada. É como ficar esperando cartas que nunca vão chegar, não vão "xegar" com "x" nem vão "chegar" com "ch". É como ficar esperando horas que custam a passar, enquanto ficamos parados, andando pra lá e pra cá. É como ficar desesperado de tanto esperar, olhando pela janela até onde a vista alcançar É como ficar relendo velhas cartas até a vista cansar...


Jéssica Soares